segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O ovo e a galinha (Clarice Lispector)

De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o ovo. Olho o ovo com um só olhar. Ime­dia­ta­men­te percebo que não se pode estar vendo um ovo. Ver um ovo nunca se mantém no presente: mal vejo um ovo e já se torna ter visto um ovo há três milênios. — No próprio instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. — Só vê o ovo quem já o tiver visto. — Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido. — Ver o ovo é a promessa de um dia chegar a ver o ovo. — Olhar curto e indivisível; se é que há pensamento; não há; há o ovo. — Olhar é o necessário instrumento que, depois de usado, jogarei fora. Ficarei com o ovo. — O ovo não tem um si-mesmo. Individualmente ele não existe.
Ver o ovo é impossível: o ovo é supervisível como há sons supersônicos. Ninguém é ca­paz de ver o ovo. O cão vê o ovo? Só as máquinas vêem o ovo. O guindaste vê o ovo. — Quan­do eu era antiga um ovo pousou no meu ombro. — O amor pelo ovo também não se sente. O amor pelo ovo é supersensível. A gente não sabe que ama o ovo. — Quando eu era antiga fui depositária do ovo e caminhei de leve para não entornar o silêncio do ovo. Quando morri; ti­ra­ram de mim o ovo com cuidado. Ainda estava vivo. — Só quem visse o mundo veria o ovo. Como o mundo, o ovo é óbvio.
O ovo não existe mais. Como a luz da estrela já morta, o ovo propriamente dito não existe mais. — Você é perfeito, ovo. Você é branco. — A você dedico o começo. A você dedico a primeira vez.
Ao ovo dedico a nação chinesa.
O ovo é uma coisa suspensa. Nunca pousou. Quando pousa, não foi ele quem pousou. Foi uma coisa que ficou embaixo do ovo. — Olho o ovo na cozinha com atenção superficial para não quebrá-lo. Tomo o maior cuidado de não entendê-lo. Sendo impossível entendê-lo, sei que se eu o entender é porque estou errando. Entender é a prova do erro. Entendê-lo não é o modo de vê-lo. — Jamais pensar no ovo é u.m modo de tê-lo visto. — Será que sei do ovo? É quase certo que sei. Assim: existo, logo sei. O que eu não sei do ovo é o que realmente importa. O que eu não sei do ovo me dá o ovo propriamente dito. — A Lua é habitada por ovos.
O ovo é uma exteriorização. Ter uma casca é dar-se. — O ovo desnuda a cozinha. Faz da mesa um plano inclinado. O ovo expõe. — Quem se aprofunda num ovo, quem vê mais do que a superfície do ovo, está querendo outra coisa: está com fome.
O ovo é a alma da galinha. A galinha desajeitada. O ovo certo. A galinha assustada. O ovo certo. Como um projétil parado. Pois ovo é ovo no espaço. Ovo sobre azul. — Eu te amo, ovo. Eu te amo como uma coisa nem sequer sabe que ama outra coisa. — Não toco nele. A aura de meus dedos é que vê o ovo. Não toco nele. — Mas dedicar-me à visão do ovo seria morrer para a vida mundana, e eu preciso da gema e da clara. — O ovo me vê. O ovo me idealiza? O ovo me medita? Não, o ovo apenas me vê. É isento da compreensão que fere. — O ovo nunca lutou. Ele é um dom. — O ovo é invisível a olho nu. De ovo a ovo chega-se a Deus, que é invisível a olho nu. — O ovo terá sido talvez um triângulo que tanto rolou no espaço que foi se ovalando. — O ovo é basicamente um jarro? Terá sido o primeiro jarro moldado pelos etruscos? Não. O ovo é originário da Macedônia. Lá foi calculado, fruto da mais penosa espontaneidade. Nas areias da Macedônia um homem com uma vara na mão desenhou-o. E depois apagou-o com o pé nu.
Ovo é coisa que precisa tomar cuidado. Por isso a galinha é o disfarce do ovo. Para que o ovo atravesse os tempos a galinha existe. Mãe é para isso. — O ovo vive foragido por estar sempre adiantado demais para a sua época. — Ovo por enquanto será sempre revolucionário. — Ele vive dentro da galinha para que não o chamem de branco. O ovo é branco mesmo. Mas não pode ser chamado de branco. Não porque isso faça mal a ele, mas as pessoas que chamam o ovo de branco, essas pessoas morrem para a vida. Chamar de branco aquilo que é branco pode des­truir a humanidade. Uma vez um homem foi acusado de ser o que ele era, e foi chamado de Aquele Homem. Não tinham mentido: Ele era. Mas até hoje ainda não nos recuperamos, uns após outros. A lei geral para continuarmos vivos: pode-se dizer “um rosto bonito”, mas quem disser “o rosto”, morre; por ter esgotado o assunto.
Com o tempo, o ovo se tornou um ovo de galinha. Não o é. Mas, adotado, usa-lhe o so­bre­nome. — Deve-se dizer “o ovo da galinha”. Se se disser apenas “o ovo”, esgota-se o assunto, e o mundo fica nu. — Em relação ao ovo, o perigo é que se descubra o que se poderia chamar de beleza, isto é, sua veracidade. A veracidade do ovo não é verossímil. Se descobrirem, podem querer obrigá-lo a se tornar retangular. O perigo não é para o ovo, ele não se tornaria retangular. (Nossa garantia é que ele não pode: não pode é a grande força do ovo: sua grandiosidade vem da grandeza de não poder, que se irradia como um não querer.) Mas quem lutasse por torná-lo retangular estaria perdendo a própria vida. O ovo nos põe, portanto, em perigo. Nossa vantagem é que o ovo é invisível. E quanto aos iniciados, os iniciados disfarçam o ovo.
Quanto ao corpo da galinha, o corpo da galinha é a maior prova de que o ovo não existe. Basta olhar para a galinha para se tornar óbvio que o ovo é impossível de existir.
E a galinha? O ovo é o grande sacrifício da galinha. O ovo é a cruz que a galinha car­rega na vida. O ovo é o sonho inatingível da galinha. A galinha ama o ovo. Ela não sabe que existe o ovo. Se soubesse que tem em si mesma um ovo, ela se salvaria? Se soubesse que tem em si mesma o ovo, perderia o estado de galinha. Ser uma galinha é a sobrevivência da galinha. Sobreviver é a salvação. Pois parece que viver não existe. Viver leva à morte. Então o que a galinha faz é estar permanentemente sobrevivendo. Sobreviver chama-se manter luta contra a vida que é mortal. Ser uma galinha é isso. A galinha tem o ar constrangido.
É necessário que a galinha não saiba que tem um ovo. Senão ela se salvaria como gali­nha, o que também não é garantido, mas perderia o ovo. Então ela não sabe. Para que o ovo use a galinha é que a galinha existe. Ela era só para se cumprir, mas gostou. O desarvoramento da galinha vem disso: gostar não fazia parte de nascer. Gostar de estar vivo dói. — Quanto a quem veio antes, foi o ovo que achou a galinha. A galinha não foi sequer chamada. A galinha é diretamente uma escolhida. — A galinha vive como em sonho. Não tem senso da realidade. Todo o susto da galinha é porque estão sempre interrompendo o seu devaneio. A galinha é um grande sono. — A galinha sofre de um mal desconhecido. O mal desconhecido da galinha é o ovo. — Ela não sabe se explicar: “sei que o erro está em mim mesma”, ela chama de erro a sua vida, “não sei mais o que sinto”, etc.
“Etc., etc., etc.” é o que cacareja o dia inteiro a galinha. A galinha tem muita vida interior. Para falar a verdade a galinha só tem mesmo é vida interior. A nossa visão de sua vida interior é o que nós chamamos de “galinha”. A vida interior da galinha consiste em agir como se entendesse. Qualquer ameaça e ela grita em escândalo feito uma doida. Tudo isso para que o ovo não se quebre dentro dela. Ovo que se quebra dentro da galinha é como sangue.
A galinha olha o horizonte. Como se da linha do horizonte é que viesse vindo um ovo. Fora de ser um meio de transporte para o ovo, a galinha é tonta, desocupada e míope. Como poderia a galinha se entender se ela é a contradição de um ovo? O ovo ainda é o mesmo que se originou na Macedônia. A galinha é sempre a tragédia mais moderna. Está sempre inutilmente a par. E continua sendo redesenhada. Ainda não se achou a forma mais adequada para uma galinha. Enquanto meu vizinho atende ao telefone ele redesenha com lápis distraído a galinha. Mas para a galinha não há jeito: está na sua condição não servir a si própria. Sendo, porém, o seu destino mais importante que ela, e sendo o seu destino o ovo, a sua vida pessoal não nos interessa.
Dentro de si a galinha não reconhece o ovo, mas fora de si também não o reconhece. Quando a galinha vê o ovo pensa que está lidando com uma coisa impossível. E com o coração batendo, com o coração batendo tanto, ela não o reconhece.
De repente olho o ovo na cozinha e só vejo nele a comida. Não o reconheço, e meu co­ra­ção bate. A metamorfose está se fazendo em mim: começo a não poder mais enxergar o ovo. Fora de cada ovo particular, fora de cada ovo que se come, o ovo não existe. Já não consigo mais crer num ovo. Estou cada vez mais sem força de acreditar, estou morrendo, adeus, olhei demais um ovo e ele foi me adormecendo.
A galinha que não queria sacrificar a sua vida. A que optou por querer ser “feliz”. A que não percebia que, se passasse a vida desenhando dentro de si como numa iluminura o ovo, ela estaria servindo. A que não sabia perder a si mesma. A que pensou que tinha penas de galinha para se cobrir por possuir pele preciosa, sem entender que as penas eram exclusivamente para suavizar a travessia ao carregar o ovo, porque o sofrimento intenso poderia prejudicar o ovo. A que pensou que o prazer lhe era um dom, sem perceber que era para que ela se distraísse totalmente enquanto o ovo se faria. A que não sabia que “eu” é apenas uma das palavras que se desenha enquanto se atende ao telefone, mera tentativa de buscar forma mais adequada. A que pensou que “eu” significa ter um si-mesmo. As galinhas prejudiciais ao ovo são aquelas que são um “eu” sem trégua. Nelas o “eu” é tão constante que elas já não podem mais pronunciar a pa­la­vra “ovo”. Mas, quem sabe, era disso mesmo que o ovo precisava. Pois se elas não es­ti­ves­sem tão distraídas, se prestassem atenção à grande vida que se faz dentro delas, atrapalhariam o ovo.
Comecei a falar da galinha e há muito já não estou falando mais da galinha. Mas ainda estou falando do ovo.
E eis que não entendo o ovo. Só entendo ovo quebrado: quebro-o na frigideira. É deste modo indireto que me ofereço à existência do ovo: meu sacrifício é reduzir-me à minha vida pessoal. Fiz do meu prazer e da minha dor o meu destino disfarçado. E ter apenas a própria vida é, para quem já viu o ovo, um sacrifício. Como aqueles que, no convento, varrem o chão e la­vam a roupa, servindo sem a glória de função maior, meu trabalho é o de viver os meus prazeres e as minhas dores. É necessário que eu tenha a modéstia de viver.
Pego mais um ovo na cozinha, quebro-lhe casca e forma. E a partir deste instante exato nunca existiu um ovo. É absolutamente indispensável que eu seja uma ocupada e uma distraída. Sou indispensavelmente um dos que renegam. Faço parte da maçonaria dos que viram uma vez o ovo e o renegam como forma de protegê-lo. Somos os que se abstêm de destruir, e nisso se consomem. Nós, agentes disfarçados e distribuídos pelas funções menos reveladoras, nós às ve­zes nos reconhecemos. A um certo modo de olhar, a um jeito de dar a mão, nós nos reconhece­mos e a isto chamamos de amor. E então não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é mais necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio, por isso não envaidece, amor não é prêmio, é uma condição con­ce­di­da exclusivamente para aqueles que, sem ele, corromperiam o ovo com a dor pessoal. Isso não faz do amor uma exceção honrosa; ele é exatamente concedido aos maus agentes, àqueles que atrapalhariam tudo se não lhes fosse permitido adivinhar vagamente.
A todos os agentes são dadas muitas vantagens para que o ovo se faça. Não é caso de se ter inveja pois, inclusive algumas das condições, piores do que as dos outros, são apenas as con­di­ções ideais para o ovo. Quanto ao prazer dos agentes, eles também o recebem sem orgulho. Austeramente vivem todos os prazeres: inclusive é o nosso sacrifício para que o ovo se faça. Já nos foi imposta, inclusive, uma natureza toda adequada a muito prazer. O que facilita. Pelo menos torna menos penoso o prazer.
Há casos de agentes que se suicidam: acham insuficientes as pouquíssimas instruções recebidas, e se sentem sem apoio. Houve o caso do agente que revelou publicamente ser agente porque lhe foi intolerável não ser compreendido, e ele não suportava mais não ter o respeito alheio: morreu atropelado quando saía de um restaurante. Houve um outro que nem precisou ser eliminado: ele próprio se consumiu lentamente na revolta, sua revolta veio quando ele descobriu que as duas ou três instruções recebidas não incluíam nenhuma explicação. Houve outro, tam­bém eliminado, porque achava que “a verdade deve ser corajosamente dita”, e começou em primeiro lugar a procurá-la; dele se disse que morreu em nome da verdade, mas o fato é que ele estava apenas dificultando a verdade com sua inocência; sua aparente coragem era tolice, e era ingênuo o seu desejo de lealdade, ele não compreendera que ser leal não é coisa limpa, ser leal é ser desleal para com todo o resto. Esses casos extremos de morte não são por crueldade. É que há um trabalho, digamos cósmico, a ser feito, e os casos individuais infelizmente não podem ser levados em consideração. Para os que sucumbem e se tornam individuais é que existem as instituições, a caridade, a compreensão que não discrimina motivos, a nossa vida humana enfim.
Os ovos estalam na frigideira, e mergulhada no sonho preparo o café da manhã. Sem nenhum senso da realidade, grito pelas crianças que brotam de várias camas, arrastam cadeiras e comem, e o trabalho do dia amanhecido começa, gritado e rido e comido, clara e gema, alegria entre brigas, dia que é o nosso sal e nós somos o sal do dia, viver é extremamente tolerável, viver ocupa e distrai, viver faz rir.
E me faz sorrir no meu mistério. O meu mistério é que eu ser apenas um meio, e não um fim, tem-me dado a mais maliciosa das liberdades: não sou boba e aproveito. Inclusive, faço um mal aos outros que, francamente. O falso emprego que me deram para disfarçar a minha ver­da­dei­ra função, pois aproveito o falso emprego e dele faço o meu verdadeiro; inclusive o dinheiro que me dão como diária para facilitar minha vida de modo a que o ovo se faça, pois esse dinheiro eu tenho usado para outros fins, desvio de verba, ultimamente comprei ações da Brahma e estou rica. A isso tudo ainda chamo ter a necessária modéstia de viver. E também o tempo que me deram, e que nos dão apenas para que no ócio honrado o ovo se faça, pois tenho usado esse tempo para prazeres ilícitos e dores ilícitas, inteiramente esquecida do ovo. Esta é a minha simplicidade.
Ou é isso mesmo que eles querem que me aconteça, exatamente para que o ovo se cumpra? É liberdade ou estou sendo mandada? Pois venho notando que tudo o que é erro meu tem sido aproveitado. Minha revolta é que para eles eu não sou nada, eu sou apenas preciosa: eles cuidam de mim segundo por segundo, com a mais absoluta falta de amor; sou apenas preciosa. Com o dinheiro que me dão, ando ultimamente bebendo. Abuso de confiança? Mas é que ninguém sabe como se sente por dentro aquele cujo emprego consiste em fingir que está traindo, e que termina acreditando na própria traição. Cujo emprego consiste em diariamente esquecer. Aquele de quem é exigida a aparente desonra. Nem meu espelho reflete mais um rosto que seja meu. Ou sou um agente, ou é a traição mesmo.
Mas durmo o sono dos justos por saber que minha vida fútil não atrapalha a marcha do grande tempo. Pelo contrário: parece que é exigido de mim que eu seja extremamente fútil, é exigido de mim inclusive que eu durma como um justo. Eles me querem ocupada e distraída, e não lhes importa como. Pois, com minha atenção errada e minha tolice grave, eu poderia atra­pa­lhar o que se está fazendo através de mim. É que eu própria, eu propriamente dita, só tenho mesmo servido para atrapalhar. O que me revela que talvez eu seja um agente é a idéia de que meu destino me ultrapassa: pelo menos isso eles tiveram mesmo que me deixar adivinhar, eu era daqueles que fariam mal o trabalho se ao menos não adivinhassem um pouco; fizeram-me esquecer o que me deixaram adivinhar, mas vagamente ficou-me a noção de que meu destino me ultrapassa, e de que sou instrumento do trabalho deles. Mas de qualquer modo era só ins­tru­men­to que eu poderia ser, pois o trabalho não poderia ser mesmo meu. Já experimentei me estabelecer por conta própria e não deu certo; ficou-me até hoje essa mão trêmula. Tivesse eu insistido um pouco mais e teria perdido para sempre a saúde. Desde então, desde essa ma­lo­gra­da experiência, procuro raciocinar deste modo: que já me foi dado muito, que eles já me concederam tudo o que pode ser concedido; e que outros agentes, muito superiores a mim, também trabalharam apenas para o que não sabiam. E com as mesmas pouquíssimas instruções. Já me foi dado muito; isto, por exemplo: uma vez ou outra, com o coração batendo pelo pri­vi­lé­gio, eu pelo menos sei que não estou reconhecendo! com o coração batendo de emoção, eu pelo menos não compreendo! com o coração batendo de confiança, eu pelo menos não sei.
Mas e o ovo? Este é um dos subterfúgios deles: enquanto eu falava sobre o ovo, eu tinha esquecido do ovo. “Falai, falai”, instruíram-me eles. E o ovo fica inteiramente protegido por tantas palavras. Falai muito, é uma das instruções, estou tão cansada.
Por devoção ao ovo, eu o esqueci. Meu necessário esquecimento. Meu interesseiro es­que­ci­men­to. Pois o ovo é um esquivo. Diante de minha adoração possessiva ele poderia retrair-se e nunca mais voltar. Mas se ele for esquecido. Se eu fizer o sacrifício de viver apenas a minha vida e de esquecê-lo. Se o ovo for impossível. Então livre, delicado, sem mensagem alguma para mim — talvez uma vez ainda ele se locomova do espaço até esta janela que desde sempre deixei aberta. E de madrugada baixe no nosso edifício. Sereno até a cozinha. Iluminando-a de minha palidez.

51 comentários:

BUANA'S BLOG disse...

Esse é o texto mais idiota que eu já vi em toda minha vida...
Só estou lendo ele por que meu professor de filosofia pediu... por que como um guindaste vai ver o ovo?
Como o ovo existe e não existe mais?
ABSURDO!

cirao disse...
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cirao disse...

o comentário feita pela Bruna é um comentário descuidado e superficial. Este conto traz o siginificado da vida que muitas vezes não se pode compreender. O conto questiona ações simples em nossa vida: como quebrar um ovo para fazer uma refeição. Clarice Lispector tem o poder de tornar uma ação tão cotidiana de nossas vidas em um ato filosófico. A razão filosófica que reside por trás de quebrar um ovo. Absurdo Bruna é você não saber q o ovo não existe, ele É.

Flavia disse...

Clarice é existencialista e questiona a vida e a morte. É preciso conhecer sua obra antes de comentar sobre. "O ovo e a galinha" é um conto que pode ser interpretado de uma forma magnífica, indicando a inteligência da autora. O comentário de Bruna deveria ser repensado.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

essa bruna sim que é uma idiota, você é patética querida
o ovo e a galinha é um conto que está além muito além do seu raciocínio..
mais fazer o que né querida?
cada um dá o que tem!

passa la no meu blog depois..
escrevi algo sobre clarice..
acho que vai gostar
bjus...;)^^

Blog do Isaías disse...

Esse texto é espetacular!

Bortolazzi disse...

Aos intelectualóides que gostam de se gabar e dizer que entendem o conto na íntegra: fiquem sabendo que a autora não entendia o próprio conto, como ela mesma afirmou em entrevista ao jornalista Julio Lerner (procurem no YouTube a entrevista completa). É uma de suas obras preferidas, justamente pelo fato de ser misteriosa, e de ela mesma não compreender. O entendimento do conto é algo idiossincrásico, e é perfeitamente compreensível Bruna achar o texto a coisa mais idiota que já viu, como Isaías dizer que é espetacular. O que não é válido é karolsinhasb, se julgando a especialista em Clarisse, dizer que o texto está aquém do entendimento alheio.

Yuri Venancio disse...

A Clarice é a melhor!

Lucubratione disse...

Absurdo?
...eu heim.
_
~bla bla bla bla bla~
_
É assustadoramente terrível.
Um dos meus preferidos ;D~
_
E "não se entende" meu caro.
Em a paixão segundo g.h
Termina assim
" e não entendo, e por isso adoro"
_
Essa é a questão!?

Unknown disse...
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Unknown disse...
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Unknown disse...

Realmente, realmente, automaticamente, senti-me no dever de postar a minha opinião sobre o texto e sobre os comentários...
Hegel, q eu estou estudando agora(um dos motivos q me fez procurar esse texto hj) diz q nada é certo nem errado no momento em q se vive determinado acontecimento. Somente qndo a Bruna tiver mais idade, mais bagagem intelectual(se ela ainda lembrar de ler clarisse depois...) elá ira ter uma visão comletamente diferente do q vê hj. A karol, 17 aninhos, especialista em Linspector, é uma figura incrível... mas será q ela entendeu certo tudo o q leu? alias, o q eu entendo por certo é o mesmo que Zeitgeist entende por errado? ou é o contrário?
Enfim... cada um entende(ou não entende? ) da forma correta(errada?) de acordo com o que tem( ou nao tem?) dentro da sua cabeça.
Então só depois é q nos vamos descobrir se eu errei, se a bruna erros(errou sim, heheh) se o Zeitgeist ou até mesmo se a Clarice(pasmem!) errou... Vamos dar tempo ao tempo!

É isso...
PS: mas o ovo é? ou o ovo existe?
PS2: sábio nao é aquele que diz q sabe mais, é o q admite q nao sabe bulhufas e divide o pouco conhecimento adquirido com o que sabe menos ainda. Afinal Sr. VcSabQm, vc deve ter lido um bocado, né? oportunidades diferendes pra pessoaos diferentes em epocas diferentes com prioridades diferentes... a vida é assim...

!!! (!) disse...

Pessoal acalme os animos, é só um texto.. cada um tem seu direito de comentar, achar legal ou nao. E nao é preciso ofensas.

abraços

Anônimo disse...

Sinceramente este foi o melhor texto "existencialista" que já li na minha vida...
Esse hermetismo todo me fascina...
A questão mentalista de achar que se vê algo por completo é demais...

Aline Baliberdin disse...

Quando Clarice diz não compreender esse texto,ela completa o jogo da distração, da não compreensão anestesica, a ignorancia auto-forjada a mesma da qual trata no texto. Ser ignorante é bom..., será?

Unknown disse...

Descobri recentemente a Clarice Lispector pela mão de um jornal português (pois é sou português…) e afianço-vos que aquilo é fogo; é o Fernando Pessoa em prosa! São palavras simples, banais, mas estruturais, fortes, sentidas e com uma aparente dimensão caótica, mas contextualizadas numa dimensão intimista. Dâo-nos, no seu melhor, o retrato de um Brasil

Everton Rocha disse...

_Amo esse texto que Clarice genial escreveu.
Não é qualquer um que consegui encontrar em coisas simples e banais, o mitério, o filosófico, o original ... e como diz Marilena Chaui o ovo tem a peculiaridade de ser superficie na qual não conseguimos distinguir ou separar o dentro e o fora, o interio e o exterior,....nesse ser sem profundidade, há uma abismo misterioso, .... todo ovo é igual a todos ovo e por isso não temos como ver "um" ovo, embora ele esteja diante de nos ... bom só quis ajudar a sentirem melhor essas palavras sublimes de Clarice Lispector, beijos a todos.

Ass.: Everton Rocha

Rogério Silvério de Farias disse...

Zeitgest, em seu comentário, tem razão. A própria Clarice afirmou que não entendia o conto. Hermético, talvez.

Anônimo disse...

Realmente fantástico.

"Sendo impossível entendê-lo, sei que se eu o entender é porque estou errando. Entender é a prova do erro"

Não existem melhores palavras para descrever o que considero desse texto inefável de Clarice.

Agora, pergunto-lhes: Se vocês lessem esse texto sem saber quem o escreveu, achariam-no interessante, espetacular, sublime, enigmático, perfeito?

Talvez sim, talvez não.

Sinceramente acho que esse texto "O ovo e a galinha" não seria tão admirado se não tivesse sido escrito por Clarice Lispector, que é o grande ícone da literatura intimista brasileira.
Um abraço

Emiliano Nunes disse...

Esse texto é sensacional!
Sou um aspirante a escritor e confesso que após a leitura deste texto, todo o meu conceito e minha estética literária mudaram...
O ovo e a galinha mudou minha vida!

Lih disse...

Segundo a própria Clarice, "O ovo e a galinha" foi algo que ela fez mas que nunca consiguiu entender. Em uma de suas últimas entrevistas, ela mesmo admite a complexidade do conto, o que implica numa interpretação individual. Ela mesmo diz que é esquisito, mas que é uma das coisas que ela mais admira e "abraça" até o presente momento da entrevista. Eu, particularmente, acho incrível. Ela consegue transformar algo tão simples em um conto dessa natureza.

[Desculpe a intromissão] :)

Unknown disse...

O conto de Calrice lispector se visto de maneira superficial pode não ter sentido lógico, mas ao passo que as pessoas tiverem conscienia da exploração psicólogica e filosófica que a autora faz talvés não haveriam comentários do tipo este éo texto mais idiota que eu ja vi.

Manoela Alcântara disse...

Não é questão de entender. O conto não foi feito pra "ser entendido". E também não se deve condenar quem absurdamente chama esse conto de "idiota". Assim como nem todas as pessoas têm o mesmo grau de inteligência, não é todo mundo que PODE, que É escolhido para absorvê-lo.

Quem o for que agradeça.

Jorge Riva disse...

Jorge disse... Muito bom o texto,o ovo e a galinha. Segundo Eugène Ionesco na Cantora Careca, o mar, a água ,a pedra... pegam fogo. O texto de Clarice Lispctor pode ser o incêndio do ovo. Viva o ovo e a galinha também!

daniel d'moura disse...

Parabéns Baba...causou!

surrex disse...

Bruna, do primeiro comentário, venho correndo em sua defesa...

Você é a única "agente" que entendeu a sua missão... a de esquecer o ovo. Estancando em parte a ferida aberta pela Clarisse na sua inquietude de dizer o que não lhe cabe.

Com o perdão da palavra, é de "galinhas" assim que precisa o ovo.

Verônica Miranda disse...

Com todo respeito, arte não se comenta. Assim como a física, onde tudo depende do referencial inercial, também, em nossas vidas, as diversas interpretações da arte são aceitáveis. Por essa razão, comentá-la seria o mesmo que limitá-la. Acho que ninguém aqui quer ter os horizontes limitados por alguém que pensar saber mais que o outro.
A beleza do conto está no mistério.
Não entendê-lo faz parte de compreendê-lo.

Gabriela e Muitos outros disse...

só podemos compreender clarice quando entramos em sitonia com ela, independente de nivel de conhecimento ou cultural... Uma pura questão de realidade consigo.

Anônimo disse...

Não entendi nada.
Que bom.

Pois a própria Clarice, afirma que esse é o conto de maior mistério para ela.

Unknown disse...

Melhor que a opinião da Bruna sobre Clarice, somente seu blog:
http://thebrunaslife.blogspot.com/

"Hoje ao acordar meu nariz parecia uma lagoa cheia e entupida de micróbios nojentos , minha cabeça doendo e meu olho sonolento. Estou gripada. Estou péssima e gripada. Ainda tenho que ler o livro da escola "Dona Casmurra e seu tigrão" . O livro ate que ta bom mais eu to numa preguiiça ... Logo depois que acordei fui para a reunião na Junia Moura Turismos, é que eu tô programando pra ir pra Disney, sabe ?"

OK...

Lelê disse...

Para falar a verdade, que se dane se alguém não gosta.
Eu já havia lido este texto (ou talvez parte dele) na época do colégio e não tinha achado interessante. Hoje estive vendo uma entrevista de Lispector dizendo que era uma de suas obras mais misteriosas. Hoje eu gostei de lê-lo, me entreguei ao texto. É uma bobagem alguém chegar dizendo que o texto é um lixo, tanto quanto alguém se dizer o maior especialista. Talvez quando ficarmos velhinhos e lembrarmos do que lemos isso nos toque profundamente, talvez nos pensemos que é uma grande besteira. Mas, apesar do que disse, é bom discutir sobre o significadodo texto.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

O texto é realmente complicado, eu mesmo quando comecei a ler achei horrível apesar de ser da Clarice, mas resolvi ler tudo para formar um conceito melhor, e para meu espanto eu entendi e resolvi até reler o texto para ter certeza que era isso mesmo, e tudo se encaixava.

PARA AQUELES QUE NÃO ENTENDEDERAM MUITO BEM O TEXTO, observe com atenção a dica que vou dar e experimente ler novamente e tirar suas prórias conclusões.

Já tinha ouvido falar que Clarice era maçon, mas na hora não tinha ligado esse fato com o texto até ler a frase: " Faço parte da maçonaria dos que viram uma vez o ovo e o renegam como forma de protegê-lo"....

conheço muito pouco de maçonaria, mas pelo que conheço pude concluir que o ovo se tratava do segredo que os maçons guardam, DETALHE:eles não sabem qual é o segredo que guardam, Clarice deixa claro isto, e tem mais, esse segredo parece ter sido perdido, Clarice diz que o ovo não existe mais...
e mais, os maçons não negam que são o que são, só não declaram ser.Eles podem estar bem próximos e não sabemos, já que eles usam de putras peofissões para disfarçar, Clarice diz:"O falso emprego que me deram para disfarçar a minha verdadeira função, pois aproveito o falso emprego e dele faço o verdadeiro"
te mais: os maçons se reconhecem através de frases, gestos, sinais que só eles conhecem: "Nós agentes disfarçados nos reconhecemos.A um certo modo de olhar, a um de dar a mão"
Clarice ainda se mostra insatisfeita com tudo isso, cansada: "estou tão cansada"

Já tinha ouvido falar também que quem entra para a maçonaria não poderia sair ou revelar o que se passa, a consequ^ncia é a morte e Clarice confirmou isso: "Há casos de agentes que se suicidam: acham insuficientes as pouquíssimas instruções recebidas, e se sentem sem apoio. Houve o caso do agente que revelou publicamente ser agente porque lhe foi intolerável não ser compreendido, e ele não suportava mais não ter o respeito alheio: morreu atropelado quando saía de um restaurante. Houve um outro que nem precisou ser eliminado: ele próprio se consumiu lentamente na revolta, sua revolta veio quando ele descobriu que as duas ou três instruções recebidas não incluíam nenhuma explicação. Houve outro, tam­bém eliminado, porque achava que “a verdade deve ser corajosamente dita”, e começou em primeiro lugar a procurá-la; dele se disse que morreu em nome da verdade, mas o fato é que ele estava apenas dificultando a verdade com sua inocência; sua aparente coragem era tolice, e era ingênuo o seu desejo de lealdade, ele não compreendera que ser leal não é coisa limpa, ser leal é ser desleal para com todo o resto. Esses casos extremos de morte não são por crueldade. É que há um trabalho, digamos cósmico, a ser feito, e os casos individuais infelizmente não podem ser levados em consideração. Para os que sucumbem e se tornam individuais é que existem as instituições, a caridade, a compreensão que não discrimina motivos, a nossa vida humana enfim."

Essas são minhas conclusões, não sei muito sobre maçonaria, acredito que quanto mais conhecesse melhor compreenderia o texto. NO ENTANTO POSSO ESTAR ERRADA, cabe a cada um ler e tirar suas conclusões. tentei ja usar o significado do ovo como existencialismo como sugerido, mas para mim ainda não fez sentido.

Emanuel Rocha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Emanuel Rocha disse...

"[...]o espírito que pensa não se limita a possuí-la [a verdade] nessas formas, imediatas,
só pode ter para com ela a atitude de a conceber e de encontrar uma forma
racional para um conteúdo que já o é em si.[...]Quando
a reflexão, o sentimento e em geral a consciência subjetiva de qualquer modo
consideram o presente como vão, o ultrapassam e querem saber mais, caem no
vazio e, porque só no presente têm realidade, eles mesmos são esse vazio.[...]só a idéia, e nada mais, é real, e então do que se trata é de
reconhecer na aparência do temporal e do transitório a substância que é imanente
e o eterno que é presente (Hegel: Princípios da Filosofia do Direito)."

Thais disse...

Não dá pra entender mesmo. O melhor que consigo é compreender que não compreendo.Como Clarice diz, se estou entendendo é porque estou errando. Para mim, Clarice se abisma com a fomação do ser humano, que enquadra as coisas, versus a infância quando tudo é possível, a criança traz consigo o poder do novo olhar, transformador.

Unknown disse...

Gente alguém consegue me esclarecer oq era o ovo e o oq era a galinha??
Eu meio q entendi como sendo o ovo a alma de cada indivíduo, e a galinha o corpo, a vida. E outras horas entendo o ovo, como se ela quisesse falar da escrita, a caligrafia, alguém pode me dizer se estou certa??

Thiago Moraes disse...

sinceramente espero q a Bruna la de cima tenha a oportunidade de reler esse texto no futuro! certamente ela terá repensado a msg desse texto e verá coisas q possivelmente a idade e a obrigação impedem q ela sinta no momento de sua leitura! ...alias ela pode n ter entendido o q gostaria de entender mas ela vivencia, experiencia a msg desse texto ateh hj! Entender não é necessário! ;)

santos disse...

a unica que leva-nos ao detalhismo intimista e a razão de nos perguntar:
por que existimos?

Unknown disse...

A opnião da Bruna não esta errada cada um tira sua conclusão e essa foi a dela toda a discussão se da ao fato da palavra "idiota" citada por ela.
O problema é que existem muito sabios aqui tão sabios que passam sua vida filosofando e não vivendo!
O Segredo é ser um eterno aprendiz!
não tende entender tudo , só tente ser feliz!

ESTORIAS disse...

Antes de comentar o texto, assistam a entrevista com a própria. Ela mesma reconhece que o texto ainda é incompreensível.
Declara que não é escritora profissonal, ou seja, não escreve por obrigação. Concatena esparsas anotações que recebe por inspiração. Esse tipo de produção extralopa a meramente intelectual. Por esse motivo, esforços de interpretação usando o intelecto sempre nos levará a uma compreensão personalíssima do texto, muito aquém de seu real alcance.

César Ferrario disse...

Bruna é o guindaste, ambos não conseguem ver o ovo.

Thais Ratti disse...

O que mais me intriga é oq não pertuba, que aparece de forma real, fechada e crua. Clarice não espera ser compreendida, tão pouco, aceita. Ela quer perturbar, portanto, eis magnífica!

Unknown disse...

Mas também, que tipo de professor de filosofia faz crianças de 17 anos lerem "O ovo e a galinha" para a escola? Dificilmente nessa idade haverá discernimento para se deixar tocar pelo transcedental da obra...

Nine disse...

Stella do último comentário,
sinto muito pela sua opinião. Sinto principalmente por ela não estar de todo errada: a educação no Brasil não está fácil (ou melhor, está mais do que fácil; fácil para o governo investir pouco nela) -quero dizer, não está de acordo com o que deveria ser- e damos corda ao subterfúgio de que singelos seres humanos de 17 anos de idade não têm capacidade mental, emocional ou espiritual para aguentar um choque de existencialismo que são os textos da Clarice.
Deveríamos mesmo ter sido educados para sempre estar aprendendo e não tentar chegar ao apogeu da intelectualidade, pois primeiro: aprender é mais gostoso quando se dispõe a sempre estar em aprendizado. E segundo: a frustração é maior quando se percebe que essa vida é um espaço de tempo insuficiente para acumular o conhecimento de todas as pessoas no mundo; por isso existem várias vidas no Universo, para que aprendamos com as trocas que o contato com o próximo nos oferece e percebermos que mesmo sendo seres pequeninos faremos alguma diferença se realmente nos predispormos a isso. Tem lugar pra todo o mundo nesse mundo, só não sabemos disso porque ao mesmo tempo que o mundo sabe disso, o mundo discorda, sendo assim contraditório. Eu acho.
Realmente, tenho 18 anos e não sei de nada do que estou falando... Não mesmo, na prática, mas minhas teorias são extensas a ponto de discordar que crianças de 17 anos no geral "dificilmente terão discernimento para se deixar tocar pelo transce'n'dental da obra" já que somos toda a influência do meio que nos cerca aliado aos pensamentos que nos foram passados e adicionados ao que vivemos. Triste nos apegarmos a afirmações de que nossas crianças não têm estrutura e não fazermos nada para mudar a realidade.
Então respondo que o tipo de professor de filosofia que faz crianças de 17 anos lerem "o ovo e a galinha" de Clarice Lispector é O PROFESSOR que merece um salário melhor só de querer que as crianças desse país realmente tenham estrutura para ler, criticar, aprender e discorrer sobre um assunto complexo.
Querer um lugar melhor para o futuro não é insanidade, é amor. Fazer algo para que o que quer seja realidade não é somente ambição, é coragem e um dever que temos para com nós mesmos.

Drica Lopes disse...

Ao ler alguns dos comentários aqui postados, fico ensimesmada com a procação interior que os textos Clarice são capazes de fazer!
Clarice não se esgota nunca, pois quanto mais se fala, mais se tem dizer... Muitos terão raiva por não entendê-la (como a Bruna) e amá-la, ainda mais, por não entendê-la, assim como eu. Repito algo que li em um dos livros do autor André Comte-Sponville: "há algo mais simples que o olhar e mais complexo que o olho?". Acho que é exatamente isso: Clarice é mais simples do que se possa imaginar e muito complexa para querer entendê-la por completo. O melhor de tudo é sentir o que sua leitura é capaz de fazer com todos nós! Por ser intimista, Clarice é um tesouro valioso para os intimista natos! Parabéns por todos os comentários!

Unknown disse...

eu não entendo direito... só sinto!

Unknown disse...

Alguém pode me explicar esse texto???

Rosa disse...

Nao sei se clarisse foi mae, mas o texto fala sobre a vida( o ovo), e a galinha (mulher), tentem observar ou ate trocar as palavras neste trexo: "A galinha que não queria sacrificar a sua vida. A que optou por querer ser “feliz... A que pensou que o prazer lhe era um dom, sem perceber que era para que ela se distraísse totalmente enquanto o ovo se faria. A que não sabia que “eu” é apenas uma das palavras que se desenha enquanto se atende ao telefone, mera tentativa de buscar forma mais adequada. A que pensou que “eu” significa ter um si-mesmo. As galinhas prejudiciais ao ovo são aquelas que são um “eu” sem trégua. Nelas o “eu” é tão constante que elas já não podem mais pronunciar a palavra “ovo”....E eis que não entendo o ovo... meu sacrifício é reduzir-me à minha vida pessoal. Fiz do meu prazer e da minha dor o meu destino disfarçado. E ter apenas a própria vida é, para quem já viu o ovo, um sacrifício"

V1ct0r disse...

Bando de gente idiota metida à intelectual, escrevem uns comentários bunitinhos pra posar de inteligente.O único comentário realmente útil é o da Rosa (parabéns, vc sim é intelectual) que conseguiu absover pelo menos uma grande parte do que o Ovo e a galinha quer transmitir.

Não podemos esquecer, ao lermos o conto, que ,como a própia clarisse mensurou, o conto é um enigma, pois Clarisse, ao escrever esta obra prima, utilizou uma tecnica denominada de fluxo de inconsciência.