terça-feira, 18 de setembro de 2007

Rabisco (Luis Eustáquio Soares)

amor é algo em que se é indistinto e distingo os traços aços do seu rabisco e você me apresenta sem se apresentar sua poesia, seu eros da distância, seu eros da proximidade, e vejo borboletas entrelaçadas no ar, saltando, e são pássaros, e são insetos, e são folhas, e são gentes, e são seu tesão em vinho transfigurado nos sonhos que vejo, que desejo, que toco, que retoco, que ouço, que remoço, que degusto, que te gusto, que cheiro, que recheio, e você é minha extensão, os tatos atos de meus sentidos, e a saudade não tem idade, parece muito antes de mim, como se antes do ovo, antes do óvulo, do esperma, do gozo, algo-ouro-diamante-música-alegria-utopia-ressurreição-feto-paraíso-já e, antes de nascer, de escrever, de ser texto, de existir o mundo, antes/depois de Deus, no remotíssimo agora de não tê-la tendo, na tela-pintura de pintar-nos, a dois, a um, a mil, imagens em estrelas de nos darmos, de sermos dados, acaso do caso de um lance de dados e você não abolirá o acaso absoluto de fingir-se e fugir-se para as íris dos olhos da lua de seu estado de loba, e só quero ficar perto, e a distância não tem longe e a trago, porque no antes não tem depois, não tem tempo, não existem lugares, não tem o haver algo que haja, só o emaranhado de te ver com o sexo, te gozar com o olhos, te abraçar com a língua, te escutar com seu odor, te desejar com a saliva de seus poros, e seu cérebro é meu coração, e estou encouraçado, e quero, quero, quero, do jeito-livre, panteros, sua mordida, loba faminta, no clitóris do meu nome no seu nome: lume, lama, alma, no círculo de nosso circo, o curto-circuito, no cisco do risco, seu abdômen : é o rastilho da pólvora no barbante e, ante o volume deste instante, explodimos, diante da fúria dessa eternidade inconstante: .

Nenhum comentário: